Pera, uva, maçã ou salada mista?
Um alvo específico de oxigênio para o paciente intubado importa?
É melhor usar soro fisiológico ou Ringer Lactato em pacientes internados?
Hoje o Salada Mista está sendo publicado diretamente do ECME Experience!
Vamos responder cada uma dessas perguntas bem direto ao ponto e aproveitar para o evento!
Vamos juntos?
Continue lendo…
Alvo de Oxigênio no Paciente Intubado
Estamos diante de um estudo divisor de águas.
Durante muito tempo a hipóxia foi a vilã do paciente crítico.
Até porque hipóxia mata.
Recentemente, vários estudos foram mostrando que a hiperóxia também era muito ruim.
Pode causar estresse oxidativo, inflamação e lesão orgânica.
E o mais incrível: durante décadas ficamos sem essa resposta.
Até essa semana.
Foi publicado agora em junho no JAMA, o UK-ROX trial.
Simplesmente um dos maiores ensaios clínicos randomizados da história da Terapia Intensiva.
16.500 pacientes!
2 grupos foram randomizados: o standard of care (sem controle) vs terapia restritiva de oxigênio (88-92%, alvo médio 90%).
O legal desse estudo é que em um grupo de pacientes onde eles conseguiram ter um controle mais fino das terapias, eles viram que o grupo restritivo manteve a concentração de O2 no alvo em quase 90% do tempo que permanecefam no CTI.
O grupo restritivo recebeu quase 30% menos oxigênio do que o grupo standard of care.
Por outro lado, o standard of care teve uma saturação média de 95%, bem diferente dos outros estudos que avaliaram O2 restritivo vs liberal.
Na verdade, 95% foi a saturação de O2 restritivo em vários outros estudos.
Isso é bom, mas por outro lado um pouco problemático.
Não foi possível avaliar os efeitos da hiperóxia.
Se esses efeitos seriam tão deletérios assim…
Então tivemos basicamente 2 grupos bem similares.
Uma diferença absoluta de saturação de 1.9% entre os grupos.
De FiO2 de apenas 0.04.
Assim, parece meio óbvio o resultado…
Não houve diferença na mortalidade entre os grupos!
93.3% e 95.1% não são diferentes.
Um estudo sensacional negativo.
O óbvio precisa ser dito.
Estaria então esse assunto terminado?
Não.
Existem questões importantes ainda não respondidas.
Será que existe um subgrupo onde a terapia de oxigênio restritivo faria diferença?
Ou um subgrupo onde o oxigênio liberal seria benéfico?
Ainda não sabemos.
Precisamos identificar esse subgrupo e, ai sim, fazer um estudo que consiga separar os grupos.
O que no caso da saturação de O2, como vimos nesse estudo, ter um alvo, não necessariamente significa que esse alvo será facilmente atingido.
E esse é o grande desafio dos estudos que avaliam a saturação de O2.
Soro Fisiológico vs Ringer Lactato no Hospital
Tema jajá do Pro vs Con do ECME Experience.
Nicole vs Khalil.
O Soro Fisiológico Precisa Acabar!
Acabou de sair fresquinho no New England Journal of Medicine.
Um estudo randomizado de crossover da política de hospitais do Canadá.
O que isso significa?
Hospitais do Canadá randomizaram a política padrão de infusão de cristaloide.
O famoso Procedimento Operacional Padrão.
Fizeram um período de 12 semanas com o Soro Fisiológico padronizado.
E outro período com o Ringer Lactato padronizado, depois de um período de washout.
O que é washout?
Washout é um período onde não há a inclusão de pacientes, pois houve a mudança recente do protocolo.
Justamente para evitar a contaminação.
Assim, fortalece o estudo de crossover.
7 hospitais completaram 12 semanas em cada período de randomização.
Infelizmente o estudo foi interrompido precocemente por conta da pandemia.
43626 pacientes incluídos.
O resultado?
Não houve diferença entre os grupos.
Na mortalidade ou readmissão hospitalar em 90 dias.
Mais um trabalho que mostra que talvez…
Muito provavelmente…
Tanto faz.
Ao vivo do ECME Experience!
Estamos no ECME Experience e vamos trazer novidades no seu email!
Até a próxima!
Sempre sensacional.
Queria estar no ECME, não foi possível, mas vi os grandes mestre ontem no TDAC e curso de US, todo ambiente respirando emergência.
Sensacional !
Ano que vem, se tiver, lá vamos ECME.
A ciência avança, mas a arte continua:
Dose o oxigênio com critério.
Escolha o cristalóide, com parcimônia.
No fim, lembre: é o humano na ponta que faz a diferença.